Um dos problemas na discussão sobre a Ejaculação Precoce é a falta de uma definição clara e universal. O diagnóstico é baseado em diferentes critérios e definições, que geralmente resultam em diagnósticos contraditórios, discordantes ou inconsistentes.
No passado, a ejaculação precoce poderia ser diagnosticada se a mulher reportasse insatisfação em pelo menos 50% das atividades sexuais. Esse critério diagnóstico é inadequado porque centra na mulher o poder de dar o veredito diagnóstico. Estudos mais recentes descobriram que apenas 30% das mulheres conseguem atingir o orgasmo durante o coito. Existem outros aspectos que independem da capacidade de controle ejaculatório do parceiro.
Kaplan H definiu ejaculação precoce como a incapacidade de adiar a ejaculação voluntariamente. Existem dois aspectos a serem considerados nesta definição: O IELT (intravaginal ejaculation latency time ou tempo de latência de ejaculação intravaginal), que refere-se ao tempo que cada homem leva para ejacular após a penetração da vagina. O outro aspecto é a percepção subjetiva de controle da ejaculação. De acordo com essa definição, o homem que apresentasse ejaculação precoce era aquele que subjetivamente acreditava não controlar voluntariamente a sua ejaculação. No entanto, estudos reportaram que existiam homens com o IELT baixo que reportavam um bom controle da ejaculação, e homens que apresentavam IELT alto, mas reportavam baixo controle voluntário da ejaculação.
Surge então a necessidade de se obter critérios abrangentes, amplos e precisos para o diagnóstico desta disfunção. A Sociedade Internacional de Medicina Sexual propôs reuniões para que o assunto fosse discutido, e em 2008 um consenso foi alcançado.
A Ejaculação Precoce foi definida então como uma disfunção sexual masculina em que a ejaculação ocorre sempre ou quase sempre antes, ou até 1 minuto, após a penetração vaginal; em que há incapacidade de diferir a ejaculação em todas ou quase todas as penetrações vaginais; e de que resultam consequências pessoais negativas (mal estar psicológico; aborrecimento, frustração com ou sem perda do relacionamento sexual).
Existem casais que lidam bem com o problema, mas a maioria dos casais tem ansiedade pré-coito, sentimentos de infelicidade o que pode promover o afastamento sexual.
As causas da ejaculação precoce são multideterminadas, ou seja, são de origem psicológica, orgânica e cultural. A ansiedade pré-coito pode ser resultado de experiências passadas mal sucedidas ou cobrança excessiva de si próprio, baixa auto-estima, medo de não satisfazer as mulheres, timidez, insegurança entre outros motivos. A causa também pode ser biológica, devido à disfunção na captação correta de neurotransmissores.
Os tratamentos em geral são de 5 tipos:
A terapia sexual propõe analisar a história do casal e descobrir possíveis motivos para o problema. A modalidade mais aceita atualmente é a psicoterapia comportamental, que propõe exercícios práticos que auxiliam no auto-controle e melhoram a intimidade do casal. As tarefas podem variar de leituras, conversas entre o casal, alterações de ambientes para a prática sexual, análise de sentimentos e pensamentos no momento do ato sexual, até exercícios específicos como pensar em determinado assunto durante o ato sexual, variar a intensidade do ato, inserir pausas em determinados momentos, entre outras estratégias. .
Os remédios mais usados no tratamento da EP são os de ação local/tópica (redutores de sensibilidade) e os de ação central ou sistêmica (inibidores de recaptação de serotonina). O mercado para gels, cremes e sprays anestésicos é vasto e estes podem ser encontrados em farmácias, sex-shops e outros estebelecimentos. Alguns cuidados a serem tomados são quanto à qualidade e procedência de determinados produtos. Nem todos são aprovados pela ANVISA ou passaram por testes clínicos que garantem sua eficácia, portanto é sempre preferível adquirir produtos indicados por especialistas e em estabelecimentos confiáveis. Outro cuidado é quanto à dose destes produtos. Se a dose for muito alta, o efeito anestésico pode ser alto demais e gerar problemas na ereção. Se a dose é muito baixa, o efeito pode ser nulo. Se o produto entrar em contato com a vagina, é provável que dificulte o orgasmo feminino, sendo recomendado o uso da camisinha.
Os inibidores de recaptação de serotonina ou antidepressivos precisam ser prescritos por um médico e seus efeitos devem ser monitorados de perto. Alguns autores afirmam que a combinação deste tipo de tratamento com a psicoterapia sexual resulta em melhores resultados do que o uso de um tipo de tratamento isolado.
Alguns fitoterápicos são indicados para o tratamento de EP como alternativa para os tratamentos mais tradicionais. A comercialização destes em geral é menos regulamentada e pouco se sabe sobre a real eficácia de alguns fitoterápicos.
Uma recente técnica de neuromodelação pulsátil por radiofrequência foi descrita e os resultados são promissores, porém as evidências ainda precisam ser melhor analisadas para que esta técnica seja aplicada de maneira generalizada.
São técnicas que tem por objetivo reduzir a sensibilidade peniana, partindo do pressuposto que a ejaculação precoce ocorre pela hipersensibilidade do pênis. Esta modalidade de tratamento não é indicada por não terem base científica comprovada nem em relação à sua eficácia, nem em relação à segurança. O implante de prótese peniana como indicação para o tratamento de ejaculação precoce também está contraindicado.
No geral, os pacientes que procuram ajuda para este tipo de problema são homens solteiros com vergonha ou medo de se relacionarem com mulheres ou homens casados com problemas sexuais no relacionamento afetivo. Para os homens casados, existem a psicoterapia individual e a terapia sexual para casais.
A crença por trás da base psicológica da EP é a de que suas parceiras o deixariam por não satisfazê-las. Trabalha-se na terapia o resgate da auto-estima, buscando-se entender a origem da falta de segurança, bem como o desenvolvimento e o cultivo de uma boa relação consigo próprio e com o mundo ao redor.
Quando a psicoterapia é focada no casal, o objetivo é melhorar a intimidade e a aproximação do casal. Para casais de longa data, a admiração e os sentimentos do início são relembrados através da elaboração dos problemas do casal. Para os casais no início, técnicas de comunicação e autoconhecimento são os mais indicados.
Manual Prático de Condutas em Medicina Sexual e Sexologia
Ejaculação precoce e serotonina
Dedicação é a Chave para Melhorar o Relacionamento Sexual
Sexo com Camisinha mais Prazeroso: Abuse na Criatividade!
A Pornografia e a Vida Sexual dos Homens
Homens “vítimas” de impotência sexual têm mais crenças sexuais