A infertilidade é um problema que aflige muitos casais que desejam ter filhos. Segundo a Sociedade de Medicina Reprodutiva de Hong Kong, 40% das causas da infertilidade podem ser associadas à algum problema na mulher. Outros 40% podem ser associados a problemas no homem. 10% podem ser atribuídos a problemas com o casal em si, e 10% à causas desconhecidas. Um estudo chinês revelou que casais inférteis tem duas vezes mais chances de se divorciarem comparados à casais férteis.
Culturalmente, este peso tem caído mais sobre os ombros das mulheres. O sofrimento psicológico provém da pressão social para se ter filhos. A ideia de que a concepção é o destino natural das mulheres e da ideia de que a infertilidade seria um castigo de Deus ainda são recorrentes. Ainda existe a ideia de que filhos “de verdade” são apenas os provenientes da concepção. Mulheres inférteis sentem-se, muitas vezes, em dívida com a natureza.
Esta pressão social também é responsável pela interferência psicológica na concepção. O bloqueio emocional pode causar alterações fisiológicas que impedem a mulher de engravidar. Uma pesquisa realizada por uma Universidade de Tóquio em um grupo de mulheres estéreis, submetidas a um programa de inseminação artificial, constatou que muitas delas apresentavam ciclos sem ovulação justamente quando estavam prestes a receber a doação do esperma. Outra situação, aparentemente sem explicação, é a do casal que concebe logo após adotarem uma criança.
As técnicas de fertilização in vitro trouxeram esperança para milhares de casais. Ainda assim, os tratamentos são caros, invasivos e expõem o casal a períodos de grande estresse. A coleta de óvulos, a transferência de embriões e os testes de gravidez pós-inseminação são momentos de grande tensão. Ainda assim, nem as estas técnicas garantem 100% de eficácia.
A decisão de conceber um filho engloba vários aspectos relacionados ao prazer de constituir uma família à qual a mulher e o homem pertençam, uma idealização do eu que é dolorosamente quebrada quando limitações físicas aparecem Além disso, podem surgir diferenças intensas sobre a concepção de família, a importância de filhos biológicos, a importância do relacionamento em si, entre outros aspectos que poderiam ter ficado encobertos no dia a dia do casal.
Outro problema comum é a diminuição da atividade sexual por medo de um aborto, quando o tratamento tem sucesso. Muitos casais optam por reduzir a atividade sexual mesmo tendo a garantia do médico de que isso não afetaria a gestação, tamanha é a apreensão e medo. Isso faz com que a atividade sexual do casal, que supostamente deveria ser um momento de entrega, intimidade e aliança, passe a ser um momento de receios e medos, preocupação excessiva e estresse. Contudo, a sexualidade é um ambiente vasto e existem outras práticas que não a penetração que o casal pode apreciar. O importante é preservar ao máximo a intimidade e não se deixar levar pela pressão de ter que fazer sexo de uma determinada maneira apenas porque terceiros dizem que é preciso. O medo é real e deve ser respeitado, porém a aliança afetiva do casal deve ser preservada.
Nesse momento, é muito importante que o casal procure auxílio psicológico para compreender a situação. Com apoio, a tomada de decisões fica mais clara e segura. Este auxílio vem no sentido de desconstruir crenças de que a mulher se resume ao papel de mãe , o homem ao papel de pai, e que o casal se “completaria” com vinda de filhos. Uma vida em que a maternidade e a paternidade não são questões centrais é possível, e ainda mais, pode ser muito satisfatória. Mas se este for de fato o desejo do casal, a psicoterapia auxilia na desconstrução do mito de que “apenas filhos biológicos são filhos de verdade” e inicia uma preparação para que o casal inicie o processo de adoção.
Compêndio de Reprodução Humana – Linda J. Heffner
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