A pornografia constitui uma ferramenta conhecida por, em muitos casos, ajudar a fomentar o desejo sexual entre casais cuja relação começa a ser afetada pela falta de variedade sexual, bem como pode facilitar a quebra da inibição de muitas mulheres, libertando-as do pudor, podendo aumentar a fantasia e o prazer. Infelizmente, tal como tudo na vida, a pornografia em excesso pode originar os efeitos indesejados, contribuindo para potenciar cenários de perda de libido e, em alguns casos, até mesmo impotência sexual total ou parcial.
Quando consumida em excesso, a pornografia pode tornar-se um vício altamente prejudicial à saúde física e mental. Para além disso, o material pornográfico pode, também, originar o desenvolvimento de uma visão deturpada relativamente à verdadeira natureza do ato sexual, criando assim expectativas irrealistas, não só no que diz respeito ao ato em si, como também ao aspecto físico e desempenho sexual do parceiro. Isto, por sua vez, acabará por exercer um impacto negativo na vida sexual de um casal.
Ficar muito tempo vendo pornografia pode significar mais do que uma predileção por sexo, mas um transtorno compulsivo. Passar madrugadas adentro vendo sites, acessá-los no trabalho e preferir o sexo virtual ao real são sintomas do descontrole. Os homens ainda são os mais propensos a este tipo de vício: a exposição dos jovens à pornografia aumenta atitudes sexistas e até mesmo uma vontade de infligir dor.
Um estudo do Departamento de Psiquiatria da Universidade Cambridge, recentemente publicado na revista “Plos One”, mostrou que o pornô vicia da mesma maneira que algumas substâncias, desregulando o cérebro. Quando um vídeo proporciona prazer, esse prazer leva você a buscar outro vídeo. Cada novo clique é um estímulo para o centro de recompensa, que se torna dependente dessa anestesia constante. A pornografia, como o álcool e as drogas, enfraquece nossa capacidade de enfrentar certos tipos de sofrimento, pois ela reduz a nossa capacidade de tolerar nossos dois humores ambíguos e oscilantes: a preocupação e o tédio.
Vale citar que existem diferenças claras na atividade cerebral entre pacientes com comportamento sexual obsessivo e pacientes saudáveis, que consomem pornografia esporadicamente. Deixando claro: pornografia não é ruim, desde que utilizada para os fins corretos. Há casais que a utilizam para eventuais variações na hora do sexo. Ela tem seu espaço na relação, mas não pode tomar conta
Um fato comum entre a maioria dos homens viciados em pornografia, é que existe uma hora em que os vídeos corriqueiros não são mais suficientes. Ele não se excita mais vendo posições mais convencionais de sexo, como o papai-e-mamãe. Como nas drogas, o compulsivo vai desenvolvendo uma tolerância e precisa de mais para se satisfazer. É geralmente nesta hora em que muitos decidem procurar ajuda.
A dependência da pornografia pode ter vários níveis de intensidade. A vontade de assistir a filmes e acessar sites picantes aumenta como se fosse um vício, assim, a pessoa quer cada vez mais se masturbar e fantasiar. O homem entra no segundo estágio em que despreza a mulher real e se isola, apresentando problemas de relacionamento não só com ela, como também todo o meio social. Há homens que acabam exigindo que suas parceiras façam o que eles veem no material pornográfico. Como muitas não cedem, o desejo por elas diminui. Na terceira fase, eles necessitam de muito estímulo sexual para transarem.
O vício em pornografia também está trazendo problemas mais graves: disfunção erétil e dificuldade para ejacular têm complicado a vida de homens cada vez mais jovens. E há casos de quem não consegue, ou nem faz mais questão, de conhecer uma pessoa real ou sair de casa. Isso acontece porque é mais fácil se relacionar com um avatar: uma pessoa concreta obriga o paciente a tomar posição, a reagir, a interagir. Uma imagem é só um objeto que se submete à manipulação.
Vale a reflexão de todos nós acerca da pornografia ofertadas em nosso meio, interpretando de forma crítica e responsável qual a influência negativa ou positiva na vida dos jovens e adultos e nas nossas vidas. Leve sempre em consideração as consequências, sejam de bem-estar ou de sofrimento e angústias. Lembrando que tudo que é em exagero pode fazer mal.
Fontes:
Super Interessante | Abril – Comportamento
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