Na era da revolução sexual, tudo parece permitido – menos ser assexual. Por que é tão difícil aceitarmos alguém que diz não ter vontade de fazer sexo? Porque a assexualidade enfrenta tantos conflitos na sociedade? Porque esse assunto ainda é tão desconhecido no Brasil? Na maioria dos casos, é porque isso não parece natural. Os preconceitos se fazem presentes em praticamente todos os casos, onde a falta de entendimento de amigos, familiares e conhecidos não contribuem para o esclarecimento de um assunto tão frágil.
Assexualidade é uma das formas de manifestação da sexualidade humana baseada na falta de atração sexual por pessoas. Essa é uma das definições mais bem aceitas da assexualidade, entretanto, ela não abrange todas as pessoas que adotam este rótulo. Podemos dizer que esse conceito ainda está em construção e que ainda não há uma delimitação exata para toda a sua abrangência.
Há muitos brasileiros indiferentes ao sexo, onde esta prática é completamente sem sentido. De acordo com um relatório do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex), ligado à Universidade de São Paulo (USP), 7,7% das mulheres e 2,5% dos homens não sentem necessidade e não sofrem com isso. A pesquisa, de 2008, é uma das mais recentes realizadas no País sobre o assunto e entrevistou 8.200 maiores de 18 anos de diferentes regiões.
As pessoas assexuais relatam que sofrem pressão para namorar e transar. Em geral, eles não se consideram “perseguidas” tanto quanto evitadas e ridicularizadas. Em um primeiro momento, pode não ser fácil entender como vivem, mas para começar o ideal é, primeiramente, entender que se trata de uma questão de identidade e está muito mais próxima de uma orientação sexual do que uma escolha ou fase – é algo como a uma hetero ou homossexualidade.
Como sempre acontece com algo novo e que não entendemos direito, amigos e família muitas vezes não são encorajadores ou compreensivos. Eles acham essas identidades estranhas e assumem que é uma “fase” ou que algo está seriamente errado.
A sabedoria convencional hoje é de que luxúria e gratificação são naturais e saudáveis. Nós presumimos que a liberdade sexual é um direito humano fundamental. Mas a ideia de se libertar de toda a sexualidade ainda é radical. Além disso, há uma grande variabilidade. Alguns demisexuais e assexuais-cinzas têm ocasionais crises de desejo, enquanto outros dizem que são indiferentes ao sexo, e outros o acham completamente repelente.
Como seres humanos, tentamos criar um motivo para isso. Seria uma parada no caminho para a homossexualidade, ou talvez o resultado de trauma ou de um desequilíbrio hormonal?
A falta de desejo sexual pode estar vinculado a um transtorno sexual que pode ter origem orgânica, psicológica ou efeitos colaterais de medicamentos, como por exemplo o transtorno hipoativo do desejo sexual – que é a baixa ou perda de libido, o sofrimento e angústia é pela perda, sentem falta do desejo perdido. Em contrapartida, a maioria dos assexuais nunca sentiu forte desejo sexual, sempre se sentiram na condição de não terem desejo, por isso, se dizem: “muito bem, obrigado!”.
Eles não são celibatários, eles separam amor de sexo. Os assexuais mostram que sentem amor sem que haja desejo sexual.
Existem diferenças entre os assexuais, alguns são demisexuais e assexuais-cinzas têm ocasionais crises de desejo, enquanto outros dizem que são indiferentes ao sexo, e outros o acham completamente repelentes.
Aos poucos, quem não pratica sexo por opção – e não por falta dela – tem ganhado respeito na área médica. Desde a versão de 2013 do DSM (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), publicação que cataloga os distúrbios mentais, a ausência de atração sexual não é classificada como doença, a não ser que prejudique o indivíduo. “A falta de interesse sexual é o que chamamos de desejo hipoativo. A assexualidade, ausência total de apetite sexual durante a vida, é o que o livro considera o seu grau máximo. No entanto, quem não tem vontade de transar não é doente. Se alguém não quer se relacionar sexualmente e se sente bem com essa situação, isso não é tido como doença ou distúrbio”, informa Carmita Abdo, psiquiatra especializada em sexologia à frente do ProSex/USP.
Mas o que pode bloquear o interesse sexual de um indivíduo? Os profissionais entrevistados sugerem cautela; afinal, o diagnóstico varia conforme o caso e, inclusive, pode nem ser definitivo. “Se alguém está se sentindo mal por não ter desejo e nos procura, fazemos uma investigação preliminar para verificar se não há um fator social ou um quadro de depressão impedindo a libido”, conta Abdo.
Talvez a ideia de que “há algo errado” com os assexuais ou de que eles não parecem “humanos normais”, seja apenas uma consequência de não se discutir sobre isso abertamente na sociedade, e também pelo fato de que não existam muitos estudos para compreender melhor essa orientação sexual. A assexualidade, acima de tudo, mostra que podemos contribuir para mostrar diferentes formas de amor, independentemente da orientação sexual.
Se as pessoas podem se conectar e formar novos tipos de relacionamentos que misturam e combinam elementos de luxúria (visto que assexuais normalmente não fazem sexo, mas podem se masturbar ou gostar de literatura erótica, por exemplo), intimidade, vida doméstica, romance e paixão; talvez outros também possam, desde que de comum acordo.
É importante reforçar que a assexualidade não é uma doença, muito pelo contrário: Ela é normal. É uma diversidade sexual que deve ser vista sem preconceitos. Os fóruns e comunidades assexuais auxiliam as pessoas a se aceitarem e entenderem que não estão sozinhas, e isso faz com que as pessoas saiam do isolamento e assumam uma categoria, favorecendo uma aproximação com essas pessoas.
FONTES:
Site Oficial
UOL: Comportamento – Assexuais vivem bem sem sexo
Brasil Post
Hypescience
Revista Fórum
Psicologia MSN
UOL: TAB – Assexuais
Super Abril
Saúde Plena: Não gosto de sexo, mas sou capaz de amar
Rede Assexual
Site Oficial (english)
Gabi Quase Proibida – Elisabete Oliveira – 18/07/2013
PALAVRA-CHAVE: Assexualidade
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