A falta de diálogo e a ausência da individualidade no casamento podem desencadear a infidelidade. Um relacionamento extraconjugal pode ser alternativa para que o indivíduo retome sua originalidade. Basta analisar o índice de entrevistados, em pesquisas sobre comportamento sexual, que afirmam terem tido casos fora do casamento ou aqueles que não perderiam essa chance. Apesar de os padrões de comportamentos sexuais terem se tornado mais flexíveis, a sociedade ainda não aceita o sexo fora do casamento.

Mais que uma instituição religiosa e jurídica, o casamento representa um sonho de felicidade e o princípio moral da monogamia continua a sustentar a família. A mulher casada é valorizada, enquanto a solteira é frequentemente representada como incompleta, frustrada, insatisfeita e desesperada. “Amar e ser feliz” é quase uma imposição. Os livros de autoajuda estão repletos de modelos ideais sobre a conduta feminina que são inalcançáveis.

Para a antropóloga Mirian Goldenberg, existem três tipos de infidelidade conjugal: traição como desejo de novidade para combater o tédio do casamento; traição como autoafirmação masculina/feminina e a insatisfação afetiva que leva a busca de um amor romântico que não existe.
Em suas pesquisas sobre infidelidade, a antropóloga descobriu que para suas pesquisadas ficar sozinha está acima de ser a esposa traída. Enquanto as mulheres são menos tolerantes à traição, o homem traído faz vistas grossas e prefere manter o status do casamento.

Para ela, ao contrário do que muitos afirmam, a infidelidade não é fracasso individual ou uma predisposição psicológica. A análise demográfica, que mostra uma demanda excessiva de mulheres e uma oferta reduzida de homens, explica, em parte, a infidelidade masculina. Olhando pelo viés do desequilíbrio demográfico, ser amante de um homem casado poderia ser uma das soluções para as mulheres que sobram no mercado de casamento.

Valor da fidelidade - Blog Claudia Graichen

Depois da traição…
Quando a esposa sabe da ‘outra’ e aceita, a amante adquire função estabilizadora e figura como um ponto de equilíbrio da relação. Quando a esposa descobre e não aceita, culpa a amante, no intuito de se eximir de suas responsabilidades.

Se o casamento não é desfeito, traidor e traído precisam refazer a relação. Após o período de luto, resta construir um novo modelo de casamento ao mesmo tempo em que se lida com desconfiança, dor e dúvida. Para terem sucesso nesse processo, é necessário rever problemas que já experimentavam antes do caso extraconjugal surgir nessa relação.

Os homens se justificam alegando terem uma “natureza” propensa à infidelidade. As mulheres responsabilizam seus companheiros por serem infiéis. Parece haver um descompasso entre os desejos masculino e feminino. As mulheres reclamam falta de intimidade com seus parceiros, enquanto os homens se queixam da falta de compreensão de suas mulheres.

Não só no casamento, mas também no adultério, a fidelidade é um valor. As “outras” acreditam que seus parceiros não têm relações sexuais com as esposas. Os homens casados acreditam que as amantes lhes são fiéis sexualmente. Observa-se que as tentativas de se levar arranjos do tipo triângulo amoroso parecem não serem bem-sucedidas.

Fontes consultadas:
Infidelidade: fim da relação? Carolina Gonçalves de Freitas e Cristina M. Moura. Revista Terapia Sexual, XIV(2):2011. Disponível em: http://psicologia.inpasex.com.br/wp-content/uploads/revistas_ts_pdf/rtsXIV22011.pdf

Por que somos infiéis? Disponível em: http://www.insightinteligencia.com.br/51/PDFs/05.pdf

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