Segundo Freud, a pulsão sexual não vem apenas no período da puberdade, como muitos pensam. A sexualidade começa se aflorar desde os primeiros meses de vida. Mas como lidar como todo esse estímulo? Como trabalhar a temática de forma pedagógica, dentro dos limites de idade?
Muitos pais já se questionaram ou questionam-se sobre o tema e as formas para “driblar” o assunto, acreditando se tratar de um aceleramento precoce do interesse de seus filhos. Muitos pesquisadores da área médica acreditam que no decorrer do desenvolvimento a curiosidade das crianças em relação ao sexo aumenta e não surge repentinamente na adolescência, ela cresce gradativamente. Muitas crianças, em busca do prazer, gostam de tocar o seu próprio corpo, (o pênis ou vagina), ficam curiosos com a diferença anatômica entre os meninos e meninas ou fazem perguntas sobre sexualidade. Muitos pais não sabem como lidar com este tipo de comportamento.
O criador da psicanalise, Freud, ao estudar o desenvolvimento sexual infantil, descreveu-o em três fases pré-genitais, nas quais observava a supremacia de uma zona erógena – região do corpo que sob determinados tipos de estimulação provoca uma sensação prazerosa.
A primeira fase é a oral, no qual a atividade sexual está relacionada diretamente à nutrição e a zona de erotização é a boca. Isso acontece desde o nascimento até aproximadamente um ano e meio de vida. A criança, ao nascer, reconhece a região como o órgão sensorial e é através dela que começa a descobrir o mundo. O seu primeiro objeto de ligação afetiva é o seio.
Por volta do segundo ano de vida, a criança começa a segunda fase, no qual o ânus é a zona de erotização. O período é marcado pela maturação do controle muscular, etapa que começa a desenvolver a organização psicomotora. Falar, andar e o controle esfincteriano. A ligação afetiva, neste caso, está relacionada ao produto simbólico fezes, que surge como fator crucial de descobrimento do mecanismo psicológico ligado à projeção e ao controle.
A próxima fase, denominada de fálica, acontece por volta dos três anos de idade e se dá pela descoberta (e preocupação) física na diferença entre meninos e meninas. Neste período a zona de erotização das crianças são os genitais e é o período de concepção das organizações de gênero: masculino e feminino.
Além de todo o procedimento natural, hoje em dia as crianças sofrem cada vez mais influências da tevê, familiares, amigos, babás e cuidadoras, recebendo, muitas vezes, noções errôneas e prejudiciais a sua construção sexual. Por isso, a psicóloga e mestre em Saúde Mental Infantil, Fernanda Roche, destaca a importância da criação de canais abertos a diálogos com os filhos, no qual se faz necessário para discutir e intervir sempre que necessário
Se faz necessário compreender a importância do diálogo sobre a educação sexual entre os pais e filhos. Por se tratar de um tema que envolve um processo para vida inteira, temos a chance de melhorar as respostas que, a princípio, não explicamos da forma que gostaríamos. Óbvio que queremos que nossas crianças sejam mais bem preparadas do que nós fomos e que tenham uma relação mais consciente com a própria sexualidade. Para isso, os pais precisam resgatar, da sua infância, às próprias dúvidas a respeito, e assim, assimilar o que realmente seria válido saber sobre os questionamentos, e como gostaria que fosse feita essa orientação.
O importante é saber que, assumindo ou não a tarefa de dar essas orientações, de ter essas conversas ou não, estarão dando educação sexual. E são essas atitudes que determinarão a visão dos filhos sobre o sexo: é bonito ou feio, certo ou errado, conversável ou não.
Referência:
– Artigo: Falando de sexualidade infantil – Fernanda Roche
– Artigo: A sexualidade infantil – Sigmund Freud
– Reportagem: Como lidar com a sexualidade das crianças – Portal M de Mulher
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