Mesmo quando o relacionamento não é mais visto como algo benéfico, muitos casais optam por ficar juntos pela comodidade. Com o namoro, não poderia ser diferente. Para manter a estabilidade do relacionamento, pesquisadores afirmam que algumas estratégias utilizadas por casais são: relevar os investimentos feitos na relação, aumentar os custos do término, atrelar a relação ao autoconceito, reduzir a atratividade de relacionamentos alternativos, e obter garantias privadas de lealdade e compromisso do parceiro.
Ao longo do tempo, a definição de namoro veio sofrendo alterações. Antes da revolução sexual, namoro era um período que antecedia o casamento, de duração relativamente curta. Suas interações eram geralmente controladas pelos pais. Hoje em dia, várias relações são chamadas de namoro. Desde as mais casuais e descompromissadas, até as relações de co-habitação.
Apesar das diferenças históricas, atualmente, de um modo geral, o namoro envolve aspectos como compromisso, confiança e intimidade, de modo que os parceiros tenham algum tipo de certeza quanto à estabilidade do relacionamento, ao mesmo tempo em que deve durar o tempo em que for satisfatório para ambos.
Além disso, existem vários tipos de namoro ao longo da vida. Os primeiros namoros geralmente tem um caráter mais romântico e idealista, muitas vezes são nesse tipo de relacionamento que ocorrem as primeiras experiências sexuais, ainda no contexto colegial.
Quando os jovens ingressam na faculdade, os namoros giram em torno do contexto universitário, podendo aproximar pessoas de interesses intelectuais parecidos ou parcerias para festas e atividades sociais típicas deste ambiente. Namoros que ultrapassam estas fases ou se iniciam no período da pós-graduação tem caráter mais maduro no sentido econômico, podem caminhar para a co-habitação ou casamento, podem incluir filhos ou não.
Namoros para além dos 35 anos muitas vezes incluem filhos de outros relacionamentos e experiências de relacionamentos desfeitos, divórcios, quebra do ideal romântico, preferência pela individualidade e privacidade. Ou ainda podem ter um caráter mais programático, especialmente para mulheres que se dedicaram às suas carreiras e sentem a necessidade ou a vontade de ser mães.
Com o desenvolvimento da medicina e a crescente expectativa de vida, existem também os namoros na terceira idade, envolvendo aspectos como viuvez, reestabelecimento da atividade sexual através do uso de medicamentos, diversão e qualidade de vida na velhice.
Em meio à tanta diversidade, o que podemos dizer é que o namoro foi diluído e sua intersecção com o casamento ficou cada vez menos clara. Após a revolução sexual, o casamento perdeu a exclusividade sobre as relações sexuais e com elas a sua maior identidade. Casar-se significava um ponto importante da vida adulta e significava deixar a casa dos pais, com a clara motivação do desejo sexual, um preço talvez caro demais para uma necessidade humana como outra qualquer. O resultado, muitas vezes, eram casamentos apressados e com pouca reflexão, parceiros que decidiam por relacionamentos de longas durações sem a experiência da intimidade.
Essa “mistura” de namoro-casamento deu origem, naturalmente, a um estágio anterior. O compromisso mais intenso exigido no namoro por conta do envolvimento sexual dos parceiros exigiu um período anterior de reflexão na tomada de decisão sobre a saída da “solteirice”. A este período dá-se o nome de “ficar”, outra categoria complexa com muitos arranjos, podendo inclusive envolver a relação sexual como modo de conhecer o parceiro.
Se por um lado, os limites de cada estágio ficaram mais nebulosos, causando certa angústia sobre o status do relacionamento de quem se relaciona, a pressão sobre a necessidade de uma definição também diminuiu, abrindo espaço para o a experiência genuína da presença do outro, deixando de lado rótulos e julgamentos. Novas formas foram possíveis, contribuindo para que casais vivessem seus relacionamentos da forma mais prazerosa possível para ambos. Essa gama de possibilidades mais inclusiva abarca relacionamentos não monogâmicos, poliamorosos, entre outros arranjos, que estão sendo cada vez mais aceitos na sociedade atual.
Os relacionamentos aos poucos, deixam de se sustentar pela rigidez da tradição, e passam a se sustentar com base no amor e na felicidade que a combinação traz. Tem-se a clareza que um compromisso de uma vida inteira pode não ser o ideal quando priva ambos de experiências mais significativas para suas trajetórias pessoais. O namoro serve para que se desenvolva uma cumplicidade afetiva e sexual, cujas bases são o aprendizado mútuo e a comunicação assertiva. Entende-se que e outro soma e não completa, e se por ventura já não somar mais, talvez caminhos distintos sejam os mais adequados, desde que preservando o carinho de haver compartilhado pelo menos parte da jornada com aquela pessoa. O casamento, nesse contexto, é mera formalidade.
E o relacionamento que você está levando, se sustenta pelo que?