Os padrões de estética difundidos pelos meios de comunicação condicionam nossa visão de mundo e prejudicam muito aqueles que não se enquadram nesses modelos. Esse cenário tem forte influência na relação sexo obesidade.
A obesidade é considerada uma doença crônica que pode desencadear, ou acelerar, o desenvolvimento de outras patologias, como as cardiovasculares e a hipertensão arterial.
Além disso, pode também suscitar problemas de ordem psicológica, como distorção da imagem corporal, baixa autoestima, conflitos emocionais, sentimento de culpa e vergonha, ansiedade, insatisfação com a vida, isolamento social, absentismo, psicossomatismo, abuso sexual, perdas parentais precoces, história familiar de abuso de álcool, entre outros.
Relacionamento sexual
De maneira geral, quem está muito acima do peso ideal encontra dificuldades para se relacionar sexualmente com outra pessoa. Uma vez insatisfeitos com o próprio corpo, homens e mulheres não se sentem bonitos nem atraentes e, por isso, evitam o contato com outras pessoas, reduzindo as chances de uma vida sexual ativa. Não estamos falando daqueles com sobrepeso ou com uns quilinhos a mais.
Ao sentirem-se inadequados, trocam o prazer sexual pelo prazer da comida, agravando ainda mais o problema. O caminho para o relacionamento sexual saudável passa pela sedução e pelo toque, porém pessoas realmente obesas têm vergonha de tocarem o próprio corpo e sentem medo de se olhar no espelho.
A distorção da imagem corporal, ou seja, a figura do nosso corpo formada em nossa mente, é tema de estudos realizados pelos autores Hoyos & Clarke (1987) e Collins et al (1983).
Quando o excesso de peso tem início na vida adulta, alguns indivíduos mantêm uma imagem na memória de quando eram magras. A imagem corporal, fixada na infância, permanece imutável apesar de estarem obesos. A negação inconsciente da realidade bloqueia o progresso do emagrecimento.
Em outros casos, a obesidade pode ser vista como um propósito. Para Woititz, a obesidade pode ser uma estratégia para evitar o problema de ter que lidar com a própria sexualidade.
A obesidade pode levar a dois quadros distintos que interferem na resposta sexual: o desejo sexual hipoativo e a aversão sexual.
O desejo sexual hipoativo é a diminuição ou a ausência de fantasias sexuais. Como consequência, o indivíduo deixa de desejar e de manter relações sexuais. Esse quadro gera sofrimento e dificuldades nos relacionamentos afetivo, profissional e social. O baixo desejo sexual pode ser generalizado ou apenas em determinadas situações. A inibição do desejo é frequentemente usada de forma defensiva, protegendo os temores relacionados ao sexo.
A aversão sexual é definida como o sofrimento causado pela permanente necessidade de evitar oportunidades de encontros sexuais com possíveis parceiros, devido a sensações de desagrado e mesmo perigo. Por vezes, a razão da repulsa são as secreções genitais; em outros casos, o simples pensar em sexo, o toque ou o beijo são fortemente evitados. Nesses casos, podem até aparecer sinais de pânico, como náuseas, suor excessivo e falta de ar quando a pessoa tenta enfrentar o medo, aproximando-se do parceiro.
Apesar dos fatores psicológicos influenciarem o baixo desempenho sexual, na obesidade, a saúde sexual não é apenas uma questão estética. A atividade sexual depende de órgãos saudáveis e de um sistema endócrino equilibrado capaz de produzir os hormônios necessários.
Estudos indicam que a diminuição da função da hipófise afeta o desenvolvimento dos órgãos sexuais implicando consequências como a menopausa precoce no sexo feminino e a impotência nos homens.
Segundo Lordelo, o comprometimento das glândulas adrenais pode diminuir o desejo e a energia sexual, além de aumentar a vulnerabilidade ao stress. Um funcionamento inadequado da tireoide pode reduzir o impulso e a energia sexual.
Nos homens, a redução da função testicular diminui o desejo sexual e a produção de sémen. Nas mulheres, os níveis reduzidos de estrogênio atrasam a maturidade sexual, diminuem o tamanho das mamas e retardam o amadurecimento dos óvulos. O desequilíbrio estrógeno-progesterona pode gerar outros sintomas e alterações do ciclo menstrual.
Martins aponta que vários fatores podem contribuir para o aparecimento de transtornos do desejo sexual. As causas podem ser orgânicas (alterações hormonais, neurológicas, arteriais, de neurotransmissores, stress) e não orgânicas (de ordem psicológica como medo de falhar ou de ser rejeitado, baixa auto-estima, ansiedade, timidez, perfeccionismo, falta de dinheiro) ou mistas (associação de causas orgânicas e não orgânicas).
A perda de peso pode gerar mudanças positivas como o resgate do entusiasmo, da autoconfiança e dos sentimentos de bem-estar. As terapias aliadas à assistência médica são um passo na luta contra o excesso de peso. Se mesmo com a perda de peso, não houver melhora na autoconfiança e na sexualidade, aconselha-se a terapia sexual.
Fontes:
A obesidade afecta a função sexual?. Autora: Vera Ribeiro, 2007
http://sexologia-stlouis-hospital.blogspot.com.br/2008/01/obesidade-afecta-funo-sexual.html
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